3 de dezembro de 2009

Pare de Reclamar


A vida nos dá inúmeras oportunidades que não sabemos aproveitar. Muitas pessoas quando passam por uma adversidade fazem sempre uma coisa primeiro: reclamar. Reclamam de como o dia está feio, reclamam do trânsito, reclamam daquele som alto de um celular tocando loucamente no fundo do ônibus, reclamam do chefe, do emprego, reclamam de como suas vidas poderiam ser melhores. Pois pare de reclamar: podia ser bem pior.

O ex-editor da revista "Elle" francesa, Jean Dominique Bauby, tinha tudo o que precisava. Era rico, famoso, profissional de sucesso, era divorciado mas tinha filhos incríveis e uma namorada linda. Tinha todos os recursos que precisava para ser bem sucedido. Era completamente saudável. Então aconteceu a ele uma dessas coisas inexplicáveis que acontecem na vida da gente. Jean Dominique, aos 43 anos e cheio de vida, sofreu um acidente vascular cerebral, que o deixou em coma. Quando acordou, descobriu-se que ele estava sofrendo de uma tetraplegia rara, chamada síndrome do encarceramento. Ou seja: Jean Dominique não podia mover nenhum músculo do seu corpo, com exceção do olho esquerdo.

Ele chegou a querer desistir de viver, mas com a ajuda de profissionais da medicina, foi desenvolvendo um sistema de comunicação que o colocou em contato com o mundo exterior de novo. Uma fonoaudióloga desenvolveu um método em que ele piscava o olho algumas vezes para simbolizar letras e formar palavras. Dessa forma, ele conseguiu escrever um livro sobre os seus sentimentos. Ele batizou o livro de "Le Scaphandre et Le Papillon", em bom português, "O Escafandro e a Borboleta". O livro foi transformado em filme em 2007.


Jean Dominique usa a metáfora do escafandro para simbolizar a exata maneira como se sentia: preso, imóvel, apenas observando o mundo do lado de fora, como se ele estivesse preso eternamente dentro de um escafandro. A borboleta aparece como a imaginação dele. Ele podia voar para qualquer lugar, podia se libertar do seu escafandro atraés da sua imaginação. No fim das contas, ser a borboleta fora do escafandro, trabalhando com a imaginação, era a única ocisa que mantinham as esperanças dele. Jean Dominique Bauby morreu dez dias depois da publicação do seu livro, em 1997, em decorrência de uma pneumonia.

Ás vezes você pode achar que a vida não tem sido justa com você. Que as suas ações não são recompensadas por seu gestor, por seus colegas de trabalho, por seus amigos e familiares. mas o que você tem feito por si mesmo? Pare de reclamar e comece a tomar atitudes de mudança de perspectiva. Ou melhor: comece a reclamar de você mesmo! Ouvir críticas suas e melhorar para colocá-las em prática é o melhor exercício de auto-estima que se pode fazer. Não espere a sorte mudar pra você, mude-a você mesmo. Quando começar a reclamar de suas condições, lembre-se que tem pessoas que não tem a mesma oportunidade que você tem, seja porque nasceram com uma deficiência, seja porque adquiriam uma, seja porque vivem em um país em guerra ou numa ilha onde são atingidos por maremotos.

Você é livre para voar e fazer a diferença, como a borboleta. Não deixe que seu escafandro psicológico enclausure você pra sempre.

"O Escafandro e a Borboleta"
(França 2007)
Direção: Julian Schnabel
Disponível em DVD
Francês, 112 min.

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