13 de outubro de 2010

Antes da partida.. há muito por fazer.





Por Aline Souza

@souzaline
@cinegestao

Neste dia que marca o ano de 2010, com o resgate dos mineiros chilenos do coração da terra, o Cine Gestão nos traz duas lições de vida, uma na ficção e outra da vida real. Foram 70 dias em que os trabalhadores ficaram dentro de uma mina, onde viviam sob condições absurdamente adversas que os obrigaram a rever todos os seus valores e vaidades, tiveram que se submeter a novas condutas de sobrevivência em equipe e com a estratégia de estabelecer lideranças, inclusive espirituais para dar conta da pressão interna e psicológica, assim como a pressão física de estar a mais de 700 metros de profundidade. A importância de se ter um líder neste momento de risco para a vida humana é fundamental, é exemplo de superação. O indivíduo poderia se perder no caos, na total ausência de sentido, nos temores e preocupações. Uma maneira de pensar com perspectiva saudável, com uma possível saída é o papel da liderança. Não se perder em uma situação de trauma, dizer os passos a serem dados diante da escuridão, este é o papel da liderança. Certamente alguns pensaram o pior, temeram por suas vidas, se lembraram da família e talvez duvidaram se um dia voltaria a vê-los novamente, talvez se lembraram de tudo aquilo que ainda estava pendente e gostariam de concluir antes de morrer.

Todos nós temos muitas coisas para fazer e viver antes de partirmos desta para melhor. Em outras palavras, fazemos mil e uma promessas de lugares a visitar, pessoas a conhecer ou reaproximar, mas a verdade é que sempre estamos adiando e deixando para amanhã aquilo que prometemos agora, para esta semana, para o mês que vem, para o próximo ano. Somente em uma situação limite é que somos capazes de nos lembrar de todas as promessas feitas, quando vem à boca o gosto amargo do arrependimento, do remorso, das desculpas não pedidas, do “eu te amo” não dito ou até mesmo do aperto de mão não concedido.

Para abordar o tema polêmico temos a união de nada menos que dois dos melhores astros da atualidade de Hollywood: Jack Nicholson e Morgan Freeman nos papéis de Edward Cole e Carter Chambers, respectivamente. Ambos são doentes terminais de câncer, vivendo o pós-operatório de quimioterapia, de luta pela vida, de vômitos, dores e o que seria pior, ao menos para um deles: a convivência cotidiana dentro do quarto duplo do hospital. Esta convivência foi o primeiro desafio a ser superado por Edward, dono do hospital onde outrora havia implantado a política de quartos duplos sem jamais esperar ficar doente e ter que experimentar, ele mesmo, esta política. Enquanto um era muito rico, o outro, Carter, era um simples mecânico que havia trabalhado por 45 anos para sustentar os filhos, abdicando do sonho de se tornar um professor de história.

Unidos pela casualidade, pela coincidência ou pela força divina, em um dos momentos de diálogos dentro do quarto, Carter inicia uma pequena lista de coisas que gostaria de fazer, antes que seu tempo de vida, estimado em 6 meses ou um ano, acabe. O cético Edward, ao ver aquilo, fica curioso e resolve provocar o amigo, instigando a fazer coisas muito mais grandiosas do que aquela singela lista, afinal, só se vive uma única vez, então, porque não viver com estilo? Dinheiro não seria o problema!

Neste momento, surpreendendo a família e os médicos, ambos decidem sair em viagem pelo mundo para viveram a maior aventura de suas vidas, visitando locais que muitos sonham e outros nem sequer o fazem: Tajmahal, pirâmides do Egito, pular de pára-quedas, ajudar um completo estranho... Estes são alguns tópicos da lista, que ia crescendo à medida que um ou outro sentia a necessidade de incrementar a despedida do amigo como beijar uma linda mulher ou reaproximar-se daquele ente querido que não via há anos. O solitário Edward precisou olhar para dentro de si mesmo para descobrir o quanto sentia falta de sua filha, que há muito estava distante. A vida é mesmo feita de pequenas coisas! É preciso encontrar a alegria e é preciso se perguntar se cada um de nós proporcionou alegria a alguém.

O grupo de mineiros se manteve coeso, organizado, compartilhando alimentação e água, elementos essenciais de vida. O individualismo e a competitividade do mundo atual não imperaram neste grupo de seres humanos, que mostrou o melhor de nossa raça, o fortalecimento do grupo. Sob a competente direção de Rob Reiner, Nicholson e Freeman oferecem interpretações de corpo e alma nesta inspirada saudação à vida, que prova que o melhor momento para se viver ainda é o agora.



Informações Técnicas:



Título no Brasil: Antes de Partir


Título Original: The Bucket List


País de Origem: EUA


Gênero: Drama / Aventura


Classificação etária: 10 anos


Tempo de Duração: 97 minutos


Ano de Lançamento: 2007


Estréia no Brasil: 22/02/2008


Estúdio/Distrib.: Warner Home Video


Direção: Rob Reiner



Veja o trailer aqui:
 

4 de outubro de 2010

É melhor morrer como um bom homem ou viver como um monstro?




Por Aline Souza
@souzaline
@cinegestao


Um filme no mínimo contraditório para nossa proposta de abordagem no contexto corporativo, mas ao mesmo tempo intrigante e indispensável para um blog de cinema. Na verdade, o fato de ser um filme dirigido por Martin Scorsese faz toda a diferença. Ilha do Medo (Shutter Island) trás uma vertente diferente de Leonardo DiCaprio, que se mostra capaz de ir ao fundo como um real agente de polícia, investigador de uma alucinação psicótica.

Em 1954, o desaparecimento de um paciente no Shutter Island Ashecliffe Hospital, em Boston, faz com que dois agentes sigam em missão de investigação para a ilha, e uma vez lá percebam que os métodos medicinais são no mínimo ilegais para experiências radicais com os pacientes. Em meados da década de 1950, a presença da 2º Guerra Mundial é marcante e para um ex-combatente ainda mais, com suas lembranças andando lado a lado para onde quer que olhe. Não podemos nos esquecer também de que junto com o horror vinham os rumores de experiências nazistas com seres humanos que envolviam técnicas de lavagem cerebral, implantes de órgãos e as piores bizarrices científicas. Até hoje, em tempos pós-modernos, vemos o assunto gerar grandes polêmicas, já que os nazistas sobreviventes se espalharam pelo mundo todo e com eles suas idéias. Ilha do Medo toca nesse assunto de maneira a delatar sem punir, apresentar o tema sem solucionar a questão, e mais, a reviravolta final nos demonstra que toda a suspeita verossímil do agente Teddy Daniels na verdade não vai muito longe de sua própria mente, ainda que todas elas fossem plausíveis de existir.

Após uma terrível tempestade e de constatar que os médicos escondem os relatórios e as informações, Teddy está convencido que ele mesmo está sendo envenenado. O que nos fica desse impressionante filme, além da trilha sonora que nos arranca suspiros, é a obstinação pela verdade e a confiança que existe no interior do policial, que em sua investigação estão imbuídos os melhores e mais honestos valores. Também fica a reflexão de que no fundo o modo de gestão aplicado nos dias de hoje ainda muito se baseia na escola nazista de relatórios, vigilância e manipulação. O que devemos fazer dessas reflexões é aquilo que vamos fazer de nosso cotidiano dentro das empresas.



Ficha Técnica

título original: Shutter Island

gênero:Suspense

duração:02 hs 18 min

ano de lançamento:2010


estúdio:Paramount Pictures / Sikelia Productions / Phoenix Pictures / Hollywood Gang Productions / Appian Way

distribuidora:Paramount Pictures

direção: Martin Scorsese

roteiro:Laeta Kalogridis, baseado em livro de Dennis Lehane

produção:Brad Fischer, Mike Medavoy, Arnold Messer e Martin Scorsese

fotografia:Robert Richardson

direção de arte:Max Biscoe, Robert Guerra e Christian Ann Wilson

figurino:Sandy Powell

edição:Thelma Schoonmaker

efeitos especiais:New Deal Studios / CafeFX / Gentle Giant Studios / Mark Rapaport Creature Effects




Elenco:

Leonardo DiCaprio (Teddy Daniels)

Mark Ruffalo (Chuck Aule)

Ben Kingsley (Dr. John Crawley)

Emily Mortimer (Rachel Solando)

Michelle Williams (Dolores Chanal) FOTO

Max Von Sydow (Dr. Jeremiah Naehring)

Jackie Earle Haley (George Noyce)



Veja o Trailer: