5 de julho de 2010

Eu sou o capitão de minha alma

Por ALine Souza
@souzaline

Em nosso ultimo post anunciamos um filme que tratava do cárcere de Nelson Mandela em seu período auge da militância contra o racismo, cujo fim acontecia com a libertação do líder, mostrando a cena memorável onde ele caminha ao lado da população eufórica!

Pois bem, nada mais justo que continuarmos com o tema África do Sul do ponto em paramos. A escolha vai para Invictus – filme de Clint Eastwood de 2009, com os atores Morgan Freeman, Matt Damon, Tony Kgoroge, Patrick Mofokeng e Matt Stern. O ano é 1990, o filme começa justamente no momento em que Mandela é liberto, no da 11 de fevereiro, e tem pela frente o enorme desafio de transformar a mentalidade e a cultura dos sul-africanos, ainda racistas, em um país unificado e orgulhoso de todos os seus cidadãos, inclusive de seus filhos negros. Havia disputa entre o CNA – Congresso Nacional Africano e os negros líderes da militância antiapartheid. Mandela apela a seus compatriotas que deixem as armas e a violência para votar em eleições livres ao lado dos brancos.

Quando é eleito Mandela, encarnado pelo ator Morgan Freeman, numa atuação de tirar o chapéu, ele precisa administrar a reivindicação dos negros e o medo dos brancos. Encontra um país devastado economicamente, o que o faz planejar ações estratégicas para conseguir bons investimentos estrangeiros e inspirar a confiança de outros líderes. Em seu primeiro dia de trabalho, pede a todos os ex-funcionários da antiga gerencia que permaneçam em seus postos de trabalho e os ensina a olhar para o futuro, pois o novo governo precisa da ajuda de todos. “O perdão é arma poderosa, afugenta o medo” afirma o grande líder!

Com o seu olhar sagaz e a percepção de um visionário, Nelson Mandela, viu na perdedora seleção de Rugby, ícone da supremacia branca, o objeto de união daquele povo que estava dividido, mas que precisava de uma alegria que o fizesse tocado pelo espírito do nacional! O jogo da seleção SpringBoks da África do Sul contra a Inglaterra é o demonstrativo de que os negros não querem mais honrar aquela camisa, símbolo do Apartheid.

Ao perceber que os negros torciam a favor do time inglês, Mandela decide agir, e o que era um cálculo político passou a ser um cálculo humano. Pela primeira vez o país iria sediar a copa do mundo do esporte, que nasceu com a tradição inglesa, mas que pouco a pouco foi se tornando popular por toda África do Sul. Como um passe de mágica, Mandela conseguiu mostrar ao capitão do time, vivido pelo ator Matt Damon, qual seria a maneira de inspirar aqueles que estão ao nosso redor. Uma das mensagens mais impressionantes do filme é a de que o “medo de se arriscar como líder é não poder mais liderar”. O risco, neste caso é o rugby, que é misto de democracia, compaixão e inteligência na visão de Mandela, que diz não à vingança mesquinha contra o time de antes, mas diz sim à união.

É na intenção de superar nossas próprias expectativas que a vitória daquele time é perseguida no mundial de 1995, quando a mudança vem de dentro, mostrando que ela não depende dos outros, senão de nós mesmos. Importante também perceber que é fundamental, tanto na vida quanto no trabalho, principalmente quando transportamos tal realidade para as empresas, se colocar sempre no lugar do outro. Isso pode nos ajudar a enxergar muito melhor nossas limitações e obter a tolerância necessária nas relações humanas. Isso acontece na cena em que Matt Damon, com todo o time de rugby visita a prisão/museu em que Mandela esteve preso. Ao entrar na cela de seu presidente percebe que quase não se podia abrir os braços ali dentro, como poderia então uma pessoa com tais restrições falar com tamanha veemência em liberdade e estar preparado para perdoar justamente aqueles que o puseram ali? A África é berço da humanidade e a África do Sul, tem fome de grandeza e precisa de um líder à sua altura!

Se pudermos fazer o exercício de imaginar que a África pode ser comparada ao Brasil e que o rugby pode ser comparado ao Futebol, temos muito que aprender com estas lições do filme Invictus, afinal confiança é a certeza de competir com a vontade de ganhar. Com alma indomável não há desespero, Mandela diz: “eu sou o dono de meu destino e o capitão de minha alma”.



Assista ao trailler abaixo:

2 comentários:

Anderson Siqueira disse...

Ótimo filme! Bem à cara de Clint.
=]

Cine Gestão disse...

É isso mesmo. O Diretor imprime sua marca ao filme, como o fazia em épocas de suas fortes atuações.